segunda-feira, 7 de março de 2011

Obras da Psicanalista DINARA GOUVEIA MACHADO GUIMARÃES abordando as temáticas de interface da Psicanálise e o Cinema





"Este olhar que Dinara Machado lança ao cinema, via Lacan, é uma aventura dos limites: percorre a fronteira entre o que (não) pode ser dito e o que (não) pode ser mostrado, entre ofuscamento e silêncio, discurso e iluminação."
Rogério Luz – Artista plástico, professor da Escola de Comunicação da UFRJ.

"Um livro como este só pode ser bem-vindo. Dinara Machado soube ser original e ousada sem no entanto abandonar o rigor teórico, sempre indispensável, principalmente quando se trata de psicanálise."
Maria Anita C. R. Lima Silva – Psicanalista, Doutora Professora da PUC/RJ.

"Dinara Machado cria um caminho para a leitura do cinema através da psicanálise invertendo a atitude habitual de "psicanalisar" os temas da obra cinematográfica. Propõe, ao contrário, reconstruir o olhar criador, que se instaura como busca em abismo. Pela psicanálise lacaniana, percorre, no sobre-olhar proposto, a tra ma do olho-cinemática, Trata o cinema como significante único, irredutível, ato-significante.
Instância do fazer poético, o cinema é marcado como "vazio iluminado". Habita, no limite, o campo do indizível, para-além do não-dito.
Instalando-se no ponto de construção do olhar, Dinara descobre "outro olhar" que faz o cínema. Por esse raciocínio reelabora as tramas entre "sujeito" e linguagem-"objeto", sem o costumeiro reducionismo da obra à biografia do autor. Consegue cercar seu "objeto", o "vazio iluminado", tecendo as bordas do vazio que consiste na vertigem da aposta pessoal do cineasta. Aposta radical como anteparo do grande oco, da "clareira", nó da arte, ou a própria morte. (...)
O livro abre muitas possibilidades prospectivas, como a de configuração imaginá ria do olhar internalizada nos itinerários técnicos do cinema. Por isso é uma obra "seminal", semeia e aduba também para outras colheitas. Umbral de olhares e pensamentos.
Carlos E. Uchôa Fagundes Jr. – Artista plástico, Doutor em História da Arte pela USP.
"Este livro, agora em segunda edição, é obra que mescla o vigor da criatividade com o rigor da teoria. Obra pioneira – primeira a sair no Brasil propondo uma leitura psicanalítica do fenômeno cinematográfico –, Vazio iluminado é referência obrigatória para uma reflexão sobre esses campos."
Ari Roitman – Psicanalista e editor.

Dinara Gouveia Machado Guimarãe é psicanalista, Mestre e Doutora pela Escola de Comunicação da UFRJ.


Voz fora do corpo no cinema
Romildo do Rego Barros
“Depois de publicar há alguns anos O vazio iluminado, cujo tema era o olhar no cinema, Dinara Guimarães nos dá agora a conhecer Voz na luz, prosseguindo assim a sua pesquisa, situada por ela própria na interface cinema-psicanálise.
(...)
A interface, espaço escolhido pela autora para situar o livro e o seu próprio percurso de pesquisadora – sintetizado na fórmula “não escrever sobre cinema; à luz do cinema, sim” –, é uma montagem que visa a captar de alguma forma os restos e fragmentos de campos diferentes. Ou seja, é o lugar que um autor inventa ao se situar criativamente entre dois campos, juntando-os algumas vezes, separando-os outras. É o esforço de abrir uma passagem que não havia antes, de explorar uma outra já existente, ou de fechar uma terceira que se revela falsa, de tal maneira que outros possam percorrer o mesmo caminho, necessariamente reinventando-o.
(...)
Instalar-se por um tempo na interface cinema-psicanálise, como faz mais uma vez Dinara Guimarães neste livro, implica discutir, como psicanalista, com dezenas de artistas, teóricos e críticos de cinema, nomeados na bibliografia deste livro. Cada um deles trata à sua maneira da voz, e para isso é preciso que, ainda que não intencionalmente, tenham separado esse objeto do conjunto das funções e elementos que estão presentes em um filme.
(...)
Assim como se separa do corpo, a voz pode igualmente se isolar da fala e do sentido. No cinema, o exemplo talvez mais marcante é a passagem do cinema mudo – termo que, aliás, Dinara Guimarães recusa, preferindo-lhe “silencioso” – para o cinema falado, “o grande culpado da transformação”, como cantava Noel Rosa.
(...)
Separando-se do corpo que a recobria e a unia à fala, a voz pode retornar para o sujeito como acusação, perseguição ou imperativo superegóico, isto é, como uma injunção que não é sequer um enigma a ser interpretado, mas pode também se constituir como causa do desejo.
Este é sem dúvida um ponto em comum entre o cinema e a clínica psicanalítica: fazer com que a irrupção da voz para fora do sentido possa ser usada para mobilizar o desejo e não para esmagá-lo.”
Romildo do Rego Barros
DINARA GOUVEIA MACHADO GUIMARÃES é psicanalista, Mestre e Doutora pela Escola de Comunicação da UFRJ.

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